quinta-feira, 3 de maio de 2012

A tentativa de São Paulo de implementar aluguel de bicicletas

Em São Paulo, a proposta é manter a relação de troca entre espaços públicos publicitários e uma rede de aluguel de bicicletas. A empresa que primeiro implementaria as bicicletas é o Itaú, que já opera um sistema idêntico no Rio de Janeiro. Só que uma outra empresa já faz investimentos privados em infraestrutura pública para bicicletas: o Bradesco, que patrocina a ciclofaixa de lazer aos domingos (um circuito que passa por algumas avenidas interligando parques da cidade e fica restrito ao uso de bicicletas todo domingo). O Bradesco, então, ofereceu o mesmo sistema à prefeitura da cidade, com a proposta de que ele só operasse aos domingos, para servir as ciclofaixas de lazer. A presidente da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU), Regina Monteiro, exigiu que o sistema funcionasse todos os dias. A CPPU é o órgão que regula publicidade no espaço público – e é quem está decidindo como o sistema de aluguel de bicicletas vai funcionar em São Paulo. O Bradesco, então, assumiu o compromisso de re-adequar sua proposta para reapresentá-la em breve. A AES Eletropaulo e a Ambev também procuraram o CPPU para apresentar propostas de lançarem sistemas de aluguel de bicicletas e Regina Monteiro sustenta que as quatro empresas podem vir a ser aprovadas. Com um detalhe: os sistemas não serão inteligados, me independentes entre si. Quem alugar uma bicicleta do Bradesco, por exemplo, vai ter que devolver em um dos pontos do Bradesco e assim por diante. Para compensar a falta de interligação, Regina Monteiro diz que as empresas terão que apresentar projetos com boa capilaridade e estações próximas. Ou seja: a logística dos quatro sistemas, ainda por cima, está sendo responsabilidade das próprias empresas – nenhuma delas especialista em mobilidade urbana. Infelizmente, essa operação está sendo tratada por um órgão que regula publicidade no espaço público, não pelos responsáveis pela mobilidade urbana (secretaria dos transportes e CET, etc) da cidade. Daí que, se realmente as propostas apresentadas por essas quatro empresas forem aprovadas, teremos quatro sistemas de aluguel de bicicletas pensados sem nenhuma estratégia de mobilidade, acompanhados de nenhuma infraestrutura para essas bicicletas ou campanhas de conscientização de motoristas de veículos motorizados para conviverem com elas. A “estratégia” da prefeitura, segundo Regina Monteiro, é deixar esses sistemas funcionando de forma independente por cerca de três anos, até que a população se adapte ao aluguel de bicicletas e, depois desse período, a prefeitura faria uma concessão para o empréstimo de bicicletas, que então seria operado por uma empresa só. Entendam: me anima muito a ideia de ter bicicletas de aluguel pela cidade. O que não me anima é um sistema guiado exclusivamente pela publicidade, em que a noção de mobilidade e estratégia se perde. O paulistano deixou de estar no norte da estratégia dessa ação em São Paulo. Os usuários desse sistema estão arriscados a virarem meros garotos-propaganda de empresas e espalharam (mal) bicicletas pela cidade. Por http://planetasustentavel.abril.com.br em 22.3.2012

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