Conforme a presidente do Clube de Mães Unidos da Ilha Grande dos Marinheiros, Nazaret da Silveira Nunes, representantes da empresa responsável pelo cadastramento dos moradores se reunirão no próximo domingo com líderes comunitários para detalhar o trabalho. A ideia é que o levantamento comece na segunda-feira.
– Estimamos em torno de 400 famílias no continente e 450 nas ilhas. Só com o cadastramento que poderemos precisar esse número – afirma Everton Braz, diretor-geral do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), que acompanha de perto as discussões sobre a realocação dos moradores atingidos pela obra.
Cronograma de intenções
era a data inicial para a definição do cronograma de remoção das famílias atingidas pela obra. O cadastramento dos moradores a serem removidos da área da nova ponte deve começar na próxima segunda-feira.
Maio/2014: era a previsão de entrega da documentação para obtenção das licenças ambientais na Fepam. Até o momento, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o consórcio responsável pela obra não formalizaram o pedido de licenciamento.
Junho/2014: prazo anunciado para começar a obra. Em razão do atraso no pedido de licenciamento ambiental, os trabalhos devem começar em três meses, pelo menos – na primeira quinzena de setembro.
Junho/2017: previsão inicial da inauguração da nova ponte.
A obra
Consórcio construtor: Queiroz Galvão e EGT Engenharia
Extensão da ponte: 1,9 km
Extensão com acessos e elevados: 7,3 km
Aço utilizado: 17,6 mil toneladas
Empregos durante a obra: 1,1 mil
Tráfego: 50 mil veículos por dia
Duração prevista da obra: três anos
Custo: R$ 649,62 milhões
Moradores das ilhas querem permanecer
Há mais de quatro décadas, a recicladora de lixo Maria Cecília Pinheiro Ferreira, 60 anos, teve de sair da Ilha do Pavão, onde morava com a família, para a Restinga, na zona sul da Capital, permitindo a construção de um posto fiscal na BR-290. Sem ambientar-se à Restinga, mudou-se um mês depois para a Ilha Grande dos Marinheiros, onde vive até hoje. Agora, Maria está prestes a ter de deixar a casa novamente.– Isso me incomoda, mas fazer o quê? – comenta Maria.
A presidente do Clube de Mães Unidos da Ilha Grande dos Marinheiros, Nazaret da Silveira Nunes, estima que o número de famílias que terão de deixar as casas para a construção da ponte seja maior do que as 850 estimadas pelo Demhab. Ainda conforme Nazaret, em muitas casas, duas ou três famílias moram juntas.
O diretor-geral do Demhab, Everton Braz, afirma que não há resistência dos moradores em deixar as casas, mas sim em ter de sair da ilha. Por isso, explica, além da construção de moradias – compromisso assumido pelo Dnit –, as famílias querem a garantia de que permanecerão na região.
– Se forem garantidas a solução habitacional e a permanência nas ilhas, não há resistência sobre a remoção das casas – assegura Braz.
Na Ilha Grande dos Marinheiros, a área atingida pelas obras inclui uma extensão de aproximadamente 150 metros na Rua Nossa Senhora Aparecida, entre os becos 17 e 18, incluindo ambos. Entre os locais que serão afetados e que deverão desaparecer do mapa estão o galpão de reciclagem de lixo, a quadra esportiva e a igreja de Nossa Senhora Aparecida das Águas, um dos três templos religiosos da ilha.
– As crianças já não têm parque, não têm diversão. A única quadra que elas têm para brincar será demolida – lamenta Nazaret.
Áreas para transferir famílias são avaliadas
A primeira etapa das obras, a construção das vigas pré-moldadas da nova ponte, é uma das poucas que independe da saída das famílias de suas residências.
Por meio da assessoria, o Dnit informa que não irá divulgar os possíveis locais de realocação dos moradores. "É necessário definir entre algumas opções (e para isso vamos ouvir a comunidade)", informa o órgão. "Também não podemos informar antecipadamente para evitar a especulação imobiliária", acrescenta o Dnit.
Por http://zh.clicrbs.com.br/ em 05.6.2014